quarta-feira, 18 de março de 2015

MINHA EXPERIÊNCIA: Longe do Facebook por 33 dias

Foram exatos 33 dias longe do Facebook. E eu percebi que o problema não é a ferramenta, mas o uso dela.
Eu passava os dias ansiosa e deprimida, me cobrando por uma vida idealizada, conquistas idealizadas, me sentindo mal por não fazer isso e aquilo, por não ser mais amiga daquele que hoje é apenas um conhecido. Me cobrando por coisas que um dia pensei em fazer e até hoje não fiz.
Todos esses sentimentos e pensamentos negativos eram potencializados com meu exagerado uso do Facebook. Por isso, quando vi o desafio de ficar 99 dias longe, topei. Não tinha nada a perder.
E por incrível que pareça, foi fácil. Pensei que eu ficaria na ansiedade para ver minha timeline, para falar com meus amigos. Não fiquei. Pelo contrário, a ansiedade foi embora. Eu parei de me cobrar por metas e objetivos irreais, porque eu simplesmente parei de me comparar com outras pessoas. E ganhei o melhor presente: auto-confiança. Em um mês (que coincidiu com meu início em um novo emprego), eu senti que eu era capaz de simplesmente tudo que eu me dispusesse a fazer.
Percebi que não ver diariamente notícias e reflexões negativas sobre os problemas da vida e do mundo, me deixou menos deprimida. Que refletir sobre coisas que eu não posso fazer nada, não é saudável. Diariamente, surgiam nomes na minha cabeça e eu notei como eu estava melhor sem ver as atualizações de status dos ditos cujos.
Eu consegui enxergar quem eu deveria excluir/parar de seguir. Que tipo de notícia e informação eu quero para o meu dia a dia. Eu não fiquei alienada, vejo diariamente sites de notícias. A grande diferença é que eu tinha tempo de refletir sobre o QUE EU penso sobre aquilo. Mas e discutir com outras pessoas sobre o assunto, a experiência de compartilhar opiniões? Eu fiz isso! Só que ao vivo. E confesso: gostei muito mais! Porque eu aprendi a ter auto controle numa discussão. Aprendi a largar mão quando não vale a pena. Aprendi que é muito fácil você ofender uma pessoa na internet, mas muito mais doloroso PRA VOCÊ fazer isso olhando nos olhos dela. Por isso, APRENDI a repensar antes de soltar todos meus pensamentos e opiniões por aí. Parei de "dizer a verdade, doa a quem doer". É muito fácil ignorar o fato que atrás de cada computador existe uma pessoa que tem sentimentos, que chora, que fica feliz, assim como você. E eu aprendi que eu não posso nunca mais ignorar isso.
Eu parei de me comparar com a vida "facebookiana" de outras pessoas. É claro que numa rede social, você compartilha da sua vida aquilo que você quer que os outros vejam: os momentos felizes, os discursos de "eu tenho a melhor vida, o melhor namorado, a melhor mãe". No fundo não é bem assim. E com o uso exagerado do facebook, paramos de pensar na realidade. Paramos de refletir que cada pessoa tem problemas, tem pessoas difíceis à volta, tem problemas familiares e de relacionamento e começamos a achar que somente NÓS e a NOSSA VIDA não presta. Aquele pensamento na sexta de "Olha Fulana saindo com os amigos e eu aqui em casa vendo Netflix, meu deus, como sou perdedora" sumiu instantaneamente. Ficar em casa num sábado depois de uma longa semana no trabalho, para mim é uma benção divina. Se alguém tem pique para sair, parabéns! Mas eu não tenho e tudo bem isso acontecer. Porque a minha vida não é uma competição com outras. Não existe uma lista de "achievements unlocked".
Eu aprendi a escolher melhor as coisas, porque parei de pensar que eu "ficaria para trás" e entendi que cada um tem seu tempo de crescimento, de alcançar o sucesso. Fiquei mais segura de mim, parei de sentir culpada por absolutamente tudo.
E não, não perdi contato com as pessoas. Pelo contrário, se preciso falar com elas, eu ligo. Existe whatsapp. SMS (sim, ainda existe!). Email! Se eu perdi contato com pessoas que eu parei de puxar assunto, talvez elas não fossem tão necessárias assim para mim. Talvez eu estivesse gastando meu tempo com uma preocupação de manter um contato que não fizesse tão bem assim para mim.
E essas pessoas que não fazem tão bem assim para mim, por que eu preciso ver que ela comprou algo novo? Que ela está viajando? Que ela tem um par de havaianas nova e exclusiva? Por que precisamos TANTO saber da vida dos outros?
O reflexo desse afastamento na minha carreira, foi, sem dúvida, excelente. Não tomei bronca por estar olhando o facebook durante o expediente. Não gastei meu almoço para ficar olhando o celular. Interagi mais com as pessoas à minha volta, fiz novos amigos, me aproximei das pessoas. Passo mais tempo em casa conversando com meus pais e brincando com meus gatos, ao invés de chegar e me enfiar no quarto para ficar no computador.
Descobri como conciliar as coisas, como otimizar meu tempo. A me perdoar por não conseguir algo. E se eu me cobrar por algo que não fiz/conquistei é porque isso é importante PARA MIM - e não porque o coleguinha fez/conquistou e eu fiquei para trás.
É claro que a minha não está 100% resolvida. É claro que eu ainda tenho problemas, que eu ainda tenho muito que amadurecer e aprender. Mas ficar longe do Facebook (e tudo que o envolve) me deu perspectiva, enxerguei a solução e ganhei a força de vontade, simplesmente porque gasto meu tempo e minha energia olhando para minha própria vida (e para as que me rodeiam diariamente) ao invés de sentar na frente do computador e perder horas fazendo absolutamente nada.
Eu recomendo essa experiência. Eu apenas cumpri 1/3 dela (eram 99 dias). Resolvi voltar aos poucos, com certeza sem aquela intensidade de acesso ao Facebook. Mas para quem sente que ficar conectado está sendo mais um problema do que diversão, faça o que eu fiz. Dê tempo para você refletir sobre o que você quer ver na sua timeline.
E para quem notar que eu exclui do Facebook, deixei de seguir ou qualquer coisa: talvez é porque você fala muito mimimi.
Só um adendo: O Facebook pode ser muito bom. Se você souber usar! É por isso que resolvi voltar. Mas use conscientemente 

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