sábado, 10 de outubro de 2015

Do que nós temos tanto medo?

Já faz um tempo que venho notando como limitamos nossa vida. Criamos ansiedades para nós mesmos a respeito de tudo e repetimos o mesmo mantra todos os dias. Não vou ao show porque tenho medo de ser roubada. Não vou sair à noite porque tenho medo de sair sozinha. Não vou trocar de emprego porque tenho medo de acabar em um pior. Não vou largar do meu namorado porque tenho medo de acabar sozinha. Não vou me casar porque tenho medo de compromisso. Não vou viajar porque tenho medo de não saber falar a língua. Não vou amar porque tenho medo de sofrer. Não vou investir na bolsa de valores porque tenho medo de perder dinheiro. Não vou estudar algo novo porque tenho medo de reprovar.

Estas ansiedades - e tantas outras - nada têm a ver com o estilo de vida agitado da sociedade. Não tem a ver com a violência, com estabilidade financeira, problemas emocionais, falta de estrutura. Estão apenas relacionadas com uma coisa: medo.

Por muito tempo, estive infeliz com meu trabalho. Não importava o que eu fizesse ou tentasse, eu não tinha ânimo para continuar ali. A ansiedade de pedir demissão, deixar pessoas queridas e projetos inacabados me corroía por dentro. "Mas pelo menos você tem um salário" - dizia minha mãe. Eu não queria mais estar ali e, independente de toda a conjuntura econômica, eu precisava de novos ares. Então, eu finalmente pedi demissão. Alguns me acharam maluca: com tanta gente sendo demitida e outros torcendo para manterem seus empregos, eu estava me demitindo? Voluntariamente?
Quando a responsável pelo RH veio acertar alguns últimos detalhes na minha sala, ela parou por um instante e me olhou profundamente nos olhos: "Mas... você não tem medo?" Eu respondi que sim, que era arriscado, mas era um caminho que eu deveria seguir.
Eu menti,
Eu não estava com medo. Senti ansiedade e um pouco de alívio, mas medo? Não, nenhum pouco. Eu não sei porque menti, eu não quis ser rude ou causar uma conversa desconfortável, mas também porque havia uma preocupação genuína daquela mulher com meu futuro. O que era pior, ela sentia por mim.

Será que não estamos apavorados o suficiente com nossas próprias vidas para sentir medo pelos outros?

Eu sabia que estava escolhendo um caminho arriscado, mas como eu poderia esperar que algo mudasse em minha vida sem, efetivamente, fazer nenhuma mudança? Mais do que tudo, eu me permiti sentir medo. Eu sabia que poderia ficar apavorada caso não encontrasse outra fonte de renda, mas disse à mim mesma: tudo bem ficar com medo. É algo natural.

O que nos impede de viver não é o medo. Medo sempre iremos sentir, não importam as nossas escolhas. Você pode tentar se esconder num buraco no chão para se esconder de situações de risco, eventualmente, alguém vai aparecer com uma pá e vai te deixar com medo. O que realmente nos impede de ser plenamente e viver plenamente somos nós mesmos. Porque nós deixamos qualquer medo nos limitar. Não quero nunca estar por baixo, só queremos ganhar e ganhar. É duro de aceitar que a vida nem sempre é um mar de rosas e você vai ter que apenas continuar em frente, de uma forma de outra. Quem não arrisca, não vive sem dores e decepções. Aceite, isto é parte de estar vivo.

Quando abraçamos as nossas dores, nossos sofrimentos e limitações nos livramos das correntes do medo. Porque não importa o que você faça, sempre haverá 50% de chances de dar errado. Ainda assim, haverão 50% de chances de dar certo. Se você não faz nada, claramente não vai dar certo nem errado. Você vai apenas sentar e olhar a vida passar diante de você porque estava muito apavorado com a ideia de algo poder dar errado. Isso tem lógica? Como você poderia saber que algo dará errado antes mesmo de tentar?

Eu larguei meu emprego e fui perseguir uma carreira que realmente fosse me trazer felicidade e satisfação. Não demorou muito para surgir uma oportunidade que tem me feito muito feliz. E por eu estar feliz, eu acabei ficando rodeada de pessoas que gostam da minha presença, da minha companhia e me querem bem. Se eu tivesse ficado com medo e ainda estivesse no meu emprego antigo, eu não teria conhecido pessoas especiais, não estaria feliz e satisfeita com a minha vida como estou agora.

No futuro, quando você olhar para trás, para algo que você não fez, eu tenho certeza que irá se perguntar: "Mas do que eu tinha tanto medo?". Só que aí pode ser tarde demais.

Da próxima vez que você tiver que arriscar a fazer algo, não pare! Vai fundo. Não deixe o medo controlar você.

E se realmente der muito, muito medo... vai com medo mesmo.



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